PRISCILA PASTRE-ROSSI
ENVIADA ESPECIAL À SÍRIA
Por que a Síria? Essa é a pergunta que você mais vai ouvir quando finalmente decidir fazer esta viagem. Há muitas (e boas) respostas.
A que a reportagem adotou foi: "Para conhecer um país árabe não tão procurado --como o Líbano ou a Jordânia--, nem tão austero, como o Irã ou o Iraque."
O país oficialmente muçulmano é governado com mão-de-ferro por Bashar al-Assad, que sucedeu o pai em 2000, depois desse ter ocupado o poder por 30 anos.
Priscila Pastre-Rossi/Folhapress | ||
Movimentação em souk (tradicional mercado árabe) de Damasco, na Síria |
Damasco e Aleppo, com mais de 3.000 anos de história cada, disputam o primeiro lugar no ranking das cidades há mais tempo continuamente habitadas.
Quem gosta de roteiros com um "quê" de ficção científica pode adotar essa: "Para fazer uma viagem no tempo".
Porque é isso mesmo que você faz quando entra em um souk (nome dado aos tradicionais mercados árabes). Mercados como o de Hamadiye, um dos mais antigos. Ali, nada é feito para atrair turistas.
Há centenas de anos estão ali o mesmo piso, o mesmo cheiro de especiarias, o mesmo jeito de comerciar, o mesmo vaivém de mulheres com véus e seus rebentos a tiracolo.
Fãs de história podem dizer que estão indo à Síria para conhecer o lugar que, nos quatro séculos de dominação do Império Otomano (1516-1918), encerrava terras que hoje integram Líbano, Israel, Jordânia e a própria Síria.
D. PEDRO 2º
Uma história tão curiosa que até um ilustre personagem do Brasil chegou a fazer andanças por lá. Em 1876, o inveterado viajante D. Pedro 2º visitou a Síria.
Sua paixão é por religião? Além da mesquita Umayyad, há igrejas greco-ortodoxas em Damasco. Uma das cinco mais importante para os muçulmanos, também recebe cristãos interessados em ver o mausoléu com a cabeça de são João Batista.
Já as mulheres que gostam de viajar sozinhas podem responder que querem saber como é ir para um país árabe-muçulmano onde as turistas ocidentais costumam ser muito bem-recebidas.
Amantes da gastronomia também não têm dificuldade alguma em encontrar uma boa resposta. Pelo contrário: eles podem dizer que estão indo em busca de delícias.
À procura de sabores que, apesar de conhecidos por quem frequenta restaurantes árabes em cidades como São Paulo, tornam-se mais especiais se provados ali.
Aproveite para provar os kebabs, o babaganuche, o hummus, o shawarma... E saia pelos souks à procura dos temperos preparados com o zaatar.
Se preferir, não responda nada. Vá --e volte com uma infinidade de outras respostas convidativas na bagagem.
Na Síria, comece no mercado e termine na cozinha
PRISCILA PASTRE-ROSSI
ENVIADA À SÍRIA
ENVIADA À SÍRIA
Consultar guias ou dar um "google" não ajudaram muito na programação dessa viagem à Síria. Os guias sobre o país, mesmo nas maiores livrarias, simplesmente não existem em São Paulo. O jeito é encomendar pela internet.
Priscila Pastre-Rossi/Folhapress | ||
Restaurantes Opaline, em Damasco |
Quanto aos sites, eles ainda trazem poucas informações consistentes sobre o turismo nos países árabes.
Fuça daqui, fuça dali, e a reportagem foi parar no blog de Kezia Frayjo, 29, nascida em Del Rio (Texas), criada na cidade de Acuna (Coahuila, no México), e há seis meses morando em Damasco.
Sabendo da dificuldade de encontrar informações relevantes sobre a Síria e já apaixonada pela cultura local, ela começou a escrever o blog "Why so Syria?" (www.whysosyria.com).
Depois de ler os posts e trocar mensagens com a blogueira, ficou mais fácil decidir em que região ficar.
A dica, aprovada, foi se hospedar perto de Bab harki e Bab Touma, um bom ponto de partida para ir até as atrações da Cidade Velha.
O hotel recomendado foi o Beit Zaman, em Straight street. "Ele fica na única rua citada nominalmente na Bíblia", diz Frayjo. Destaque para o ótimo café da manhã.
Além da excelente localização, os quartos são muito aconchegantes. Duas ressalvas que não comprometeram a estadia: havia um pequeno vazamento na pia e, por vezes, era difícil regular a água quente do chuveiro.
E um detalhe importante: Na hora de ir embora, o atendente do hotel não só não chamou o táxi como não ajudou a levar as malas.
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