segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Pecém movimentou 330 mil toneladas em agosto



Pecém movimentou 330 mil toneladas em agosto


Durante o mês de agosto findo, foram transportadas através do Porto do Pecém 330 mil toneladas de mercadorias, com acréscimo de 38% em comparação com o mês anterior. Nos oito primeiros meses do corrente ano, de acordo com informações transmitidas pelo engenheiro Erasmo Pitombeira, presidente da Cearáportos, o terminal do Pecém movimentou 1.750.000 toneladas, contra 1.100.000 transportadas durante o mesmo período de 2009, representando uma variação positiva de 59%. Do volume total, 1.312.000 foram movimentadas no transporte de longo curso e 438.000 toneladas em cabotagem, com aumentos respectivos de 65% e 45%.
No transporte de longo curso os destaques ficaram com a exportação de alumínio, com variação positiva de 1.491%, outros produtos de origem animal (96%), gorduras e óleos animais ou vegetais (86%), produtos químicos orgânicos (66%), calçados (51%) e algodão (25%).
Os produtos que registraram maiores elevações na importação de longo curso foram: caldeiras, máquinas e instrumentos mecânicos (491%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (285%), vidros e suas obras (220%), plásticos (181%), borracha e suas obras (168%) e produtos siderúrgicos (154%).
Na movimentação entre os portos do País (cabotagem) as maiores variações positivas ficaram com o alumínio (784%), plásticos (339%), bebidas, líquidos alcoólicos e vinagre (336%) e frutas (241%). Na importação por cabotagem a madeira, painéis e obras de madeira contribuíram com a elevação de 3.401%, enquanto os produtos siderúrgicos registraram aumento de 594%. Também tiveram alta significativa na quantidade de toneladas transportadas os óleos essenciais e produtos de perfumaria, com 180%; sabões, preparações para lavagem e lubrificantes com crescimento de 171%, combustíveis minerais (149%) e produtos cerâmicos (109%).
CARGA GERAL
Um número que também merece registro é a quantidade de navios que utilizaram o Porto do Pecém de janeiro a agosto do corrente ano. 338 embarcações utilizaram o Terminal Portuário de São Gonçalo do Amarante, contra 285 no mesmo período de 2009, o que representa um aumento de 19%.
A movimentação de mercadorias na exportação e importação de carga geral no período de janeiro a agosto de 2010 registra números altamente positivos, que servem para comprovar o crescimento do Porto do Pecém, segundo o presidente Erasmo Pitombeira.


Veja a matéria completa em:

http://www.cearaportos.ce.gov.br/index.php/informacoes/listanoticias/14-lista-de-noticias/448-pecem-movimentou-330-mil-toneladas-em-agosto


Fonte:
Assessoria de Comunicação da Cearáportos
Joseoly Moreira ( joseoly@gmail. – (85) 3267.2525)

Fundos e molhos : artesanais ou industriais?


Os molhos apresentaram maior destaque, nos séculos XV e XVI, onde o cozinheiro, Taillevent, escreveu o mais antigo dos livros de cozinha, o Le Viandier. Sua contribuição foi decisiva para o requinte e a sofisticação da cozinha francesa, inclusive para os molhos. Estes são combinações alimentares líquidas, ligadas ou não, que servem de acompanhamento. Os molhos ligados compõem-se de um fundo suculento, temperado, e de uma ligação. O número de combinações é imenso, pois existem fundos que podem combinar com diversos temperos, e se ligar diferentemente a um molho.

A nouvelle cuisine foi o momento forte de uma tendência a utilizar o próprio suco do cozimento como base para o molho, conferindo-lhe mais leveza. Bernard Loiseau, chef, orgulha-se de usar água para dar liga às suas criações. Iogurtes e queijo fresco integram a lista que os chefs atuais tendem a utilizar cada dia mais.

O molho é, porém, a alma da quase totalidade das preparações culinárias salgadas, e são eles que enriquecem a arte de cozinhar. As soluções adotadas hoje, visando otimizar o tempo de preparo dos molhos clássicos, são as bases para molhos e cremes culinários em pó, desenvolvidos por grandes empresas. O presente estudo tem como objetivo demonstrar a importância dos molhos e sua utilização na gastronomia, diferenciando os molhos artesanais dos industriais. O trabalho é um estudo descritivo, que compreende na aplicação de um questionário individual para profissionais que trabalham na área, contendo 16 perguntas objetivas, havendo espaço subjetivo para detalhamento das respostas. Doze profissionais que já haviam utilizado os fundos e molhos pré-processados ao menos uma vez fizeram parte da amostra.

Foi observado que os produtos pré-processados, tanto fundos quantos molhos apresentam um rendimento maior quando comparados aos artesanais. Quanto ao sabor também foi relatada a grande diferença entre ambos, acentuando-se o alto teor de sódio nos industriais. Em relação à facilidade no preparo todos foram unânimes demonstrando ser esta a maior vantagem dos produtos industriais.

Em relação ao custo, é bom ressaltar que a diferença de preço em relação ao preparo torna-se relativa, dependendo da qualidade da matéria-prima que será adquirida para o preparo dos artesanais. Um ponto importante a se considerar é o controle higiênico-sanitário, já que os produtos pré-processados oferecem 100% de garantia higiênica e manipulação mínima nos restaurantes, evitando uso de aparas e sobras que na produção em grande escala existe em quantidade.

Fonte:

RANGEL, Patrícia Nascimento. Fundos e molhos: artesanais ou industriais?. 2004. 44
f. Monografia (Especialização em Gastronomia e Segurança Alimentar)-Universidade
de Brasília, Brasília, 2004.

Alimentação Contemporânea



Alimentação Contemporânea
Por Nutricionista Sandra Evers


Durante as últimas décadas, a desnutrição apresentada pela população brasileira teve ma acentuada queda, enquanto que o sobrepeso e a obesidade tiveram sua prevalência aumentada. O aumento no consumo de açúcar, refrigerantes, carnes e embutidos e a redução no consumo de frutas, verduras, legumes e cereais integrais, modificou drasticamente o padrão alimentar dos brasileiros. Essas mudanças nos hábitos das famílias brasileiras devem-se ao crescimento da indústria de alimentos, fortes campanhas publicitárias, aliados ao trabalho das mulheres fora de casa, o que provocou o aumento no consumo de alimentos industrializados, congelados, enlatados e refrigerantes. Hábitos alimentares regionais e baseados nas culturas e tradições trazidas pelos imigrantes que colonizaram o país foram substituídos.

Outras situações da vida contemporânea trouxeram redução dos níveis de atividade física. Aqui me refiro atividade física aquela que fazia parte do cotidiano das pessoas como, por exemplo, lavar roupa no tanque, caminhar para pegar transporte, ir para o trabalho de bicicleta, crianças brincando de pular corda, subindo em árvores… A vida moderna nos trouxe automóveis, metrôs, computadores, controle remoto, elevadores, escadas rolantes, máquinas de todos os tipos para atividades domésticas. A modernidade trouxe também facilidades na comunicação. Diariamente somos bombardeados com receitas, soluções milagrosas para controlar o peso, melhorar o diabetes, a pressão alta e colesterol. Alimentos funcionais são recomendados, sucos, chás, pílulas, dietas de todos os tipos: com proteína, sem carboidratos, do mediterrâneo, dos pontos…

A Organização Mundial da Saúde recomenda a diminuição do consumo de gorduras, principalmente gorduras trans e gorduras saturadas, substituindo por óleos vegetais (de soja, milho, canola, arroz), aumento do consumo de frutas, hortaliças, legumes, cereais integrais e redução do consumo de açúcar e sal. Alimentação inadequada associada ao sedentarismo tem uma relação direta com o aumento da prevalência de obesidade, doenças cardiovasculares, câncer, diabetes e pressão alta.

Uma alimentação saudável pode ser realizada de forma simples, barata e acessível pela população, através da utilização de alimentos “in natura”, alimentos da safra, produzidos regionalmente, onde com certeza estaremos adquirindo de forma mais econômica alimentos de excelente qualidade nutricional.
Comendo pequenas porções, evitando alimentos industrializados, excesso de gordura, sal e açúcar, servindo-se ou preparando uma refeição colorida, estaremos praticando uma alimentação saudável. Tomar água é fundamental para uma boa hidratação.

Fonte:

http://cardiologistaruipeixoto.com.br/2010/02/28/alimentacao-contemporanea/

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Nordeste terá aporte de R$ 7 bi em hotelaria




SÃO PAULO - De olho no crescimento da Região Nordeste, que espera receber investimentos de até R$ 7 bilhões, dos R$ 16 bilhões previstos para o setor para reformas, adequações e construções até a Copa de 2014, grandes redes hoteleiras do País começam a briga para ampliar seus domínios na região. A meta é atender tanto a tradicional demanda turística quanto o potencial corporativo. Além disso, o setor aposta em investimentos na sustentabilidade, de olho na economia e no bem-estar. A rede Transamérica prevê investimentos superiores a R$ 500 milhões na abertura de novas unidades nos próximos quatro anos e já anuncia a abertura de quatro empreendimentos corporativos na região nordestina. Já a rede Travel Inn aposta principalmente em resorts autossustentáveis na região, e prevê chegar a 2014 com aproximadamente cinco hotéis no nordeste brasileiro.

O Ministério do Turismo acredita que o nordeste receba aportes superiores a R$ 7 bilhões em hospedagem, chegando à marca de 45 mil leitos. Para a rede Transamérica, que atualmente possui 18 hotéis no País e tem previsão de chegar a 34 nos próximos anos, o nordeste é o grande potencial para a indústria hoteleira. "A rede Transamérica assegura o nordeste como um potencial, mas em nosso caso não tem nada a ver com lazer: apostamos nos negócios, hotéis corporativos, pois o grande momento da hotelaria está no mercado corporativo", garantiu o diretor-geral do Transamérica Hopitality Group, Heber Garrido.

Garrido contou que pretende abrir unidades na Bahia, no Ceará, em Alagoas, e Recife (PE), sendo que as obras desta última serão finalizadas no fim deste ano. "Apostamos muito nesse mercado. No final do ano serão finalizadas as obras do mais novo hotel em Recife: serão 270 apartamentos ao longo dos cinco andares, onde esperamos que o movimento corporativo será responsável por 99% das estadias", comentou.

Em relação aos hotéis já construídos, Garrido comentou que reformulações são essenciais para o bom andamento dos negócios, tanto que dos 18 empreendimentos que a rede possui atualmente, nove estão em fase de revitalização e modernização. "Na hotelaria temos um desgaste muito grande do ativo, então dos nossos 18 empreendimentos hoje nove estão em fase de revitalização. Este é um investimento constante: fazemos um fundo de caixa para estas adequações, que normalmente gira em torno de 4% do faturamento do grupo", finalizou.

Outra rede que também vê com otimismo o crescimento da região nordestina é a Travel Inn, que possui 25 hotéis pelo Brasil, dois dos quais nessa região, que, segundo o presidente, Joaquim Rodrigues, é a grande força do turismo brasileiro. "O nordeste vai ser um grande mercado, principalmente para o brasileiro, e de todo incremento que acontecer a nível nacional, acredito que 60% vão para o nordeste. Tanto acreditamos nesse destino que em nosso planejamento teremos mais dois ou três empreendimentos no nordeste até a Copa do Mundo de 2014. Apostamos principalmente em grandes resorts", declarou Rodrigues.

Além disso, ele comentou que a Travel Inn fará aportes na casa de R$ 40 milhões, tanto para a abertura de novos empreendimentos quanto para a reforma, modernização, e compra de equipamentos. "Temos sete contratos já assinados para abertura de novos hotéis até 2015: cinco deles já estão construídos, somente vamos adaptá-los, e dois ainda estão na fase de projeto. Nas unidades existentes, a palavra de ordem é modernização. Nós sempre procuramos equipamentos mais modernos, econômicos, versáteis e rápidos, como é o caso do nosso hotel em Praia Bonita, onde compramos todos os equipamentos mais econômicos e com uma produtividade ainda maior", disse Rodrigues.

Segundo estudos do Fórum dos Operadores Hoteleiros do Brasil (Fohb), a Região Nordeste possui atualmente 13% do total da oferta hoteleira no Brasil, sendo que a projeção até 2014 é de que este numero salte para 27%. "A pesquisa foi baseada na nova oferta que será implantada até 2014, e percebemos um fenômeno muito interessante: hoje o nordeste possui 13% da oferta hoteleira, e a nova oferta prevê que 27% estarão no nordeste, portanto, existe sim, uma perspectiva muito grande de crescimento nessa região", comentou a diretora executiva do Fohb, Ana Maria Bisseli.

Sustentabilidade

Ao passo que se aproximam os eventos da Copa do Mundo de 2014. e os Jogos Olímpicos de 2016 que serão realizados no Brasil, a necessidade de adequação, modernização e ampliação do setor hoteleiro vem aumentando. Com isso o governo federal, em parceria ao Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES), criaram um programa chamado ProCopa, que visa a financiar construção, reforma, ampliação e modernização de hotéis que obtenham certificação no "Sistema de Gestão da Sustentabilidade para Meios de Hospedagem", ou outra certificação de construção sustentável reconhecida. Com isso o tema se tornou tendência nas grandes redes hoteleiras, como o Transamérica Hospitality Group, que desde o ano passado agrega a sustentabilidade aos seus novos hotéis, e reformas. "Vemos necessidade de cuidar do meio ambiente, conservando energia, água, tratando lixo e esgoto, ou seja, tudo é voltado à sustentabilidade: a grande aposta do setor é a sustentabilidade, tanto para preservar o meio ambiente quanto para economizar", garantiu o diretor-geral Heber Garrido.

Na rede Travel Inn a palvra de ordem é a mesma, fazer novos empreendimentos autossustentáveis, e nos antigos, adequações que garantam economia de água e energia. "Os empreendimentos sustentáveis são uma realidade, como a nova unidade de Natal, já adequada: canalizamos água da chuva para irrigação de jardins, e todo esgoto é tratado e reutilizado. Temos até ar-condicionado inteligente, que se desliga ao abrir-se a janela. Todos os novos empreendimentos seguirão esta mesma linha", frisou o presidente da rede, Joaquim Rodrigues.


Fonte:

http://www.dci.com.br/noticia.asp?id_editoria=7&id_noticia=342289&editoria=

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

O que realmente caracteriza a cozinha contemporânea?



Cozinha Contemporânea é a cozinha praticada hoje nos grande centros urbanos. Tem como principal característica a sua flexibilidade na forma de preparar e apresentar os pratos. Sua origem está nas tradicionais cozinhas que conquistaram o mundo: a francesa, a italiana, a espanhola, a portuguesa, a árabe, a oriental e a brasileira.



A Cozinha Contemporânea permite reunir elementos de várias tradições culinárias num único prato. Ela faz uma síntese das culturas predominantes. É criativa, fresca, multicolorida, cheirosa, alegre. É como as pessoas que vivem e convivem num ambiente multicultural, multiracial. Busca o melhor de cada cultura e o adapta com a praticidade exigida nos dias de hoje e às disponibilidades do mercado e da estação.

Praticar a Cozinha Contemporânea tornou-se possível com a distribuição global de produtos agrícolas e por causa do domínio tecnológico que o homem obteve na relação sobre clima e solo. Este avanço permite encontrar produtos de origem longínqua em lugares nunca antes imagináveis.

Os apreciadores da boa cozinha podem beneficiar-se deste avanço e obter condimentos, peixes, aves, leguminosas, carnes, frutas, produtos lácteos em qualquer época do ano, em qualquer lugar. Por isso, a Cozinha Contemporânea também é a "cusine du marché", como dizem os franceses, pois busca o melhor em cada estação, procurando usar produtos no auge de seu frescor e exuberância. Em sua essência, lembra a casa de algum antepassado, mas se apresenta moderna, atual e cativante.


Fonte: http://www.orquestradepanelas.com/cozinha.htm

Contemporânea desde de sempre?



Contemporânea desde de sempre?
Por Eduardo Sena Pé na Ilha - Colher de Pauta

Nesta segunda parte da série de reportagens sobre a Cozinha Contemporânea em Recife será discutido o conceito de contemporaneidade aplicado na cozinha. Trata-se de uma questão de tempo ou de rótulo?


A harmonia sempre foi marca das práticas alimentares da humanidade no decorrer de sua existência. Quando o homem jogou a primeira erva sobre a mais remota carne, a humanidade progrediu. Passava de mera alimentação a culinária. O ser humano foi se reequacionando as novas descobertas, gerando uma mostra gastronômica de seu tempo. Sob esse aspecto, a cozinha contemporânea é a denominação da comida feita em sua época. Porém, definir essa vertente gastronômica com essa ideia é resumir grosseiramente a questão, pois estamos falando de uma cozinha evolutiva que se habitua às tendências uestão, pois estamos falando de uma cozinha evolutiva que se habitua às tendências.

Muito embora, essa vertente gastronômica começa quando surgem no mundo, nos idos 1450, as grandes navegações da era moderna. Ibéricos e ingleses começam a sair pelo mundo anexando colônias e com isso, unindo ingredientes e culturas culinárias. Na história do Brasil, a chegada dos portugueses com novos insumos e formas de cocção também foi marca dessa evolução da gastronomia brasileira, até então baseada nos insumos indígenas.

Na época do Brasil Colônia, as sinhás como alternativa para a ausência dos ingredientes lusos, promoveram a substituição pelos insumos nativos, obtiveram famosas receitas que sobrevivem até hoje. “Acontece que naquele momento, as sinhás estavam preocupadas em fazer uma cozinha doméstica, era uma questão de necessidade, e não de negócio”, lembra Bruno Albertim. Dona Rita de Cássia Souza Leão desprezou o trigo importado e a manteiga francesa em privilégio da massa de mandioca e da manteiga produzida com o leite nativo do engenho. Pela primeira vez, um bolo de aristocracia canavieira nordestina preteria o trigo europeu a despeito da massa nativa da mandioca dos índios. Entraria para a história, portanto, como uma espécie de grito de independência culinário.

Como conseqüência desses experimentos, o século 17 já possuía fortes características do que viria a se chamar posteriormente de globalização. Fortemente marcada pelos reflexos do movimento global na cultura alimentar, as práticas alimentares pós-modernas se tornaram vítimas desse processo. Cardápios de todo o mundo vêm sofrendo padronização e interferências de sabores. Posto isso, cada vez mais, e em qualquer lugar do mundo, as pessoas buscam valorizar o que se chama de cuisine du terroir, cozinha do terreiro. Ou seja, o comensal procura especialidades na mesa. “Dão valor ao queijo de cabra que só existe no sul da França, porque é único. Procuram uma manteiga de garrafa que só é encontrada com ótima qualidade no interior de Pernambuco. Assim, o mundo tem acesso facilitado a tudo o que o universo produz. Os gostos se uniformizam, e a comida global vira local, e o contrário também é verdadeiro”, explica Bruno Albertim.
Como conseqüência direta da globalização na mesa, não há mais grandes sustos culinários quando se viaja de um lugar para o outro. Para a chef Luciana Sultanum, na medida em que há uma uniformização desse gosto, as coisas que são peculiares, e que não tinham muito valor porque eram regionais, acabam aparecendo sobre o olhar do ineditismo e da peculiaridade. “O regional acaba aparecendo com essa grife de especial. Decididamente híbrida, a cozinha contemporânea aposta nessa tendência para conquistar o público, reunindo em um só prato emblemáticos insumos mundiais”, argumenta Sultanum.

Uma questão de rótulo - Segundo o dicionário Houaiss, contemporâneo significa aquilo inerente ao nosso tempo, ao presente momento. Mas, dentro da cozinha, tal conceito se aplica de forma diferenciada. Como gênero gastronômico, de fato, a cozinha “contemporânea” não tem mais do que dez anos. Herdeiros do espírito da nouvelle nuisine, na França, Claude Troigos e Laurent Saudeu são os responsáveis por implantar no Brasil a doutrina de cozinhar de forma criativa e audaciosa. Desde então, a cozinha brasileira foi evoluindo, mas não existia uma preocupação deliberada de batizá-la, apenas enxergavam-se as novas formas de se produzir como uma novidade. “Hoje, Claude Troigos e Laurent Saudeu só são considerados patronos desse movimento de cozinha contemporânea no Brasil, porque percebeu-se que eles deram origem a uma alta gastronomia extremamente tropical e brasileira. Mas na época a comida produzida por eles era apenas diferenciada”, opina o chef Duca Lapenda.

Foi assim com a nouvelle cuisine, na França, nos anos 80, e está sendo com a contemporânea, hoje. “O que se chamava de fusion, hoje é contemporâneo”, ressalta Lapenda. Nomenclaturas a parte, a cozinha contemporânea ainda não possui traços tão sólidos que a farão ser lembradas com esse rótulo daqui a uma década, por exemplo. “Hoje já se fala em cozinha molecular, cozinha de espumas. Pelo significado literal elas serão contemporâneas daqui a 10 anos, mas, muito provavelmente não se utilizará mais esse conceito”.

Assim como em outras épocas estavam em voga a nouvelle cuisine e o slow food, a gastronomia contemporânea está na moda. Outras expressões já estão nascendo, à exemplo da gastronomia molecular, do chef catalão Ferran Andriá e cozinha high-tech. É apenas uma necessidade, dos jornalistas que cobrem o assunto, de conceituar as novas cozinhas que nascem. Questionado se a cozinha moderna aponta para essa nova vertente como uma tendência exclusiva e definitiva, Andriá descarta hipótese “Haverá sempre diferentes padrões na prática do cozinhar. Tendência mesmo é saber elaborar alimentos diferenciados, com restrições importantes constituintes como gorduras e açúcares”, setencia.