sábado, 12 de outubro de 2013

Agredir o animal, compromete a qualidade da carne


Bons tratos tanto na fazenda quanto no transporte evitam situações de estresse e ferimentos nos animais, propiciando sem dúvida produtos de melhor qualidade.

O manejo inadequado do rebanho na fazenda compromete a qualidade da carne de duas formas, a primeira está relacionada a lesões físicas sofridas pelo animal por agressão direta, e a segunda está associada a situações de desgaste a que o gado é submetido, provocando stress (COSTA, 2008, p. 4).

O stress que acomete o gado também interfere na qualidade da carne. O problema decorre de desgaste intenso do animal, principalmente no transporte por longas distâncias. Pode haver stress hídrico e o animal não se recupera até o abate. O stress deixa a carne dura e de cor escura. O desgaste físico afeta, ainda, a “acidificação da carne”, que protege contra bactérias. Sem essa acidificação, o tempo de prateleira da carne cai significativamente (MARTINS, 2006, p. 3).

Cortes e hematomas além de desvalorizarem a carne na indústria representam perdas quantitativas para o criador, pois a parte lesionada é retirada, e podem até tornar o produto impróprio para o consumo. ”Quando se retira um pedaço de carne com hematoma, há ruptura de vasos sanguíneos. Esse sangue vasa para as fibras musculares e altera o sabor da carne” (COSTA, 2008, p. 4). “Mesmo que seja um hematoma leve, fica um gosto anormal de sangue. Se a lesão atingir a picanha, quem consumir esta carne sentirá gosto de fígado”.

Gritar ou agredir o animal resulta em carne sem qualidade. Em uma fazenda, em vez de “ferrões” para cutucar o gado, devem ser usadas “bandeirolas”, sinalizadores que chamam a atenção do gado e facilitam seu deslocamento, comenta Martins. Em um curral ideal, não deve haver risco de ferimentos por pregos, parafusos ou cerca de arame farpado. Um animal manso (sinuelo) servirá de guia para o resto do rebanho. O transporte, que é a continuação do manejo na fazenda, deve ser cuidadoso para não pôr a perder tudo o que já foi feito. Assim, o criador poderá evitar o estresse do animal, separando e deixando-o pronto para o embarque, orientando o motorista para que ele possa tomar os cuidados necessários ao transportar os animais. Machado (2008)

O “foie grãs” os gansos são submetidos a uma alimentação forçada, com a introdução de tubos que injetam forçosamente o alimento “goela abaixo”, para que o seu fígado alcance um aumento absurdo, é considerado um dos métodos mais cruéis de tratamento induzido para obtenção de produtos comerciais. E em alguns casos os funcionários colocam um anel elástico apertado no pescoço da ave para o caso de ela tentar regurgitar a ração. Isso ocorre de três a cinco vezes ao dia.

Depois de quatro semanas de alimentação forçada, os patos e gansos são abatidos. Na maior parte das vezes, seus fígados estão inchados de 6 até 12 vezes o tamanho normal, formando massas pálidas e inflamadas do tamanho de melões em vez de órgãos firmes, pequenos e sadios. Os animais assim ficam com dificuldades de andar e respirar.

Os métodos de alimentação e os aditivos alimentares que causam lesões, angústia ou doença nos patos (e nos gansos) ou que podem levar ao desenvolvimento de condições físicas e fisiológicas que prejudicam a sua saúde e o bem estar não devem ser autorizados (TOUITOU, 2007, p. 1).

Não precisa de muita imaginação para perceber que toda essa alimentação forçada pode causar outros danos físicos também, onde em um estudo realizado em uma granja de produção quase 10% de todas as aves morriam com o estômago rompido, com o alimento entrando no pulmão ou morriam por doenças e infecções causadas pelos tubos de alimentação sujos. Sendo essas aves normalmente de aspecto doentes e estressadas.

A produção de fígado de ganso deveria ser banida, porque o “foie grãs” nada mais é do que uma lipidose hepática, uma doença do fígado, constituindo-se uma evidente crueldade animal.
A produção de patê de fígado de ganso foi banida na Alemanha, Dinamarca, Noruega e Polônia, sendo que a França é o maior produtor mundial, com quase 80%, depois vem a Hungria, Espanha, Israel e outros países como a Bélgica, EUA, Bulgária e Romênia produzindo o restante. No Brasil ela é proibida por lei, apesar de existir.

Hoffman (2000) fala que: “apenas patos machos são usados para fazer o patê, pois eles produzem fígados maiores e são considerados mais capazes de resistir às quatro semanas de tortura”. As patas fêmeas são tratadas como lixo, literalmente. Normalmente os funcionários entulham as patas em sacos de nylon, as matando em tonéis com água escaldante.

As aves de postura ou galinhas poedeiras ficam abarrotadas em um espaço mínimo, onde ficam em média de quatro a seis aves (figura 2 e 3), são incapazes de realizar comportamentos naturais, como fazer ninhos, ciscar, esticar as asas, empoleirar, se movimentar, hábitos extremamente importantes para as aves, e devido ao stress muitas aves bicam até a morte as mais fracas. Essas aves, que no final de sua vida produtiva, tem como único destino à morte (abate), soando como um alívio após algumas semanas em um espaço minúsculo.

Desse modo, o sistema de criação em gaiolas tornou-se uma das maiores polêmicas acerca do bem estar animal, pois com todas estas restrições a que as aves são submetidas, elas ficam mais suscetíveis a problemas de saúde, incluindo a osteoporose e fraturas, enfim, esses animais são tratados como máquinas em “linhas de produção”.

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