domingo, 10 de junho de 2012

Pesca da Lagosta, Cadeia Protudiva

 

Fim do defeso: Pesca a lagosta 

Porto da Amarração em Luis Correia
O retorno da pesca da lagosta e do camarão, que a partir de 1º de junho, passados seis meses do defeso, retoma as suas atividades. Cerca de três mil barcos de pesca, com licença para pescar lagosta, voltam ao mar, é o início da temporada da pesca de diversas espécies.

Ainda, estarão liberados para a pesca: o camarão rosa, sete barbas e branco, nas regiões, Norte, Nordeste, Sudeste e Sul, especialmente nos estados de Alagoas, Bahia e do Espírito Santo e do caranguejo Uçá, destaque nos estados do Pará, Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Paraíba, Alagoas, Sergipe e Bahia.
O município de Luís Correia é um dos principais pontos de desembarque de lagosta do estado do Piauí e contra com uma média de 350 embarcações que ali aportam. No Piauí, durante o defeso, três equipes fazem uma varredura no litoral do estado com ajuda de fiscais do Ceará e Maranhão. O objetivo é combater a pesca predatória de lagosta abaixo do tamanho mínimo permitido para captura e com equipamentos não permitidos pela legislação.
O Estado do Ceará se destaca como maior produtor de lagostas do País, contando com quase 60% das três mil embarcações brasileiras com permissão do MPA para a atividade. Para ordenar a captura da lagosta e impedir sua extinção, o Governo Federal limitou a atividade em 2.687 embarcações, aumentou o período de proibição da pesca neste ano e incrementou a fiscalização por todo o litoral brasileiro.jornaldaparnaiba.blogspot.com

Fortaleza -  CE
Os barcos mais parecem um emaranhado de ferro, madeira e isopor. Lá dentro, o sustento de dias, anos de luta e a esperança de que a primeira ida ao mar do ano seja de produção farta. Essa é a maior felicidade do pescador: voltar para casa e saber que a recompensa será a contento. A pesca da lagosta no Ceará esteve proibida por seis meses, este final de semana, porém, o trançar dos manzuás dos barcos do Cais Pesqueiro, em Fortaleza, já estão no fundo do mar à espera do “ouro” do pescador. Em 2011, foram produzidas 370 toneladas de lagosta, a maioria destinada à exportação.

Os barcos partiram ainda à noite, minutos antes do 1º de junho começar, quando teve fim o período de reprodução do crustáceo. As embarcações seguirão até 25 milhas náuticas (1.852 metros cada milha) mar adentro, onde serão lançados os manzuás. “Deixamos dentro d’água por um dia, amarrados por uma puxadeira vertical e colocamos uma boia para localizar”, explicou Antônio Ferreira de Lima, 56, pescador há 40 anos.

As embarcações, classificadas como artesanais, carregam o essencial, entre suprimentos, iscas, gelo e expectativa. Arroz, farinha, macarrão, carne e frutas. “Tudo que a gente come em casa, come também no mar. Ninguém passa mal não”, destacou Antônio. É preciso certo conforto, nem que seja só com a comida. Dentro do barco, o espaço de convivência limita-se aos seis boliches, um fogão de duas bocas e um armário para os utensílios.
A BUSCA PELO “OURO”
Para localizar os melhores pontos de pesca, nada melhor do que a experiência e um recurso tecnológico adquirido recentemente, o GPS (Sistema de Posicionamento Global-sigla em inglês). “Mas é o comandante que sabe onde está o ouro. Ele pescou no ano passado, então sabe onde tem de voltar”, contava outro pescador do Cais. É preciso, ainda, paciência e cuidado. Os manzuás são lançados em pontos distantes, cerca de três ou quatro horas um do outro. 

O risco de outros pescadores resgatarem o equipamento e, junto a ele, as lagostas capturadas. O medo de perder o produto vem também do fundo do mar. “Tem tartaruga que corta todo o manzuá. Às vezes, quando a gente tira do mar, vão embora 120, 150 lagostas de uma vez. Aí, é ter paciência”, conta Antônio. E as fronteiras do mar também oferecem perigos. Os barcos que navegam dias em busca de lagosta não podem pairar sob mares internacionais, ou estarão sujeitos a penalidades.

O comandante do barco “Fortaleza José Cláudio Ceará”, Manoel Pedro, diz que é comum chegar até o estado do Pará, entretanto, ir mais acima significa perigo. “No momento que você chega em água de outro País, já tem uma corveta [barco de patrulhamento] e um helicóptero esperando. Conheço gente que teve de deixar o barco para pagar a multa”, contou Manoel.
E os dias sem ver terra são tensos, onde bebida alcoólica é proibida e a coragem faz parte das exigências para ser um tripulante. “A gente só estranha quando é tempo de vento, lá para agosto e setembro, quando se acorda com água nos peitos. Tem de se acostumar, minha filha, a primeira viagem é de uma semana, as outras já são de quase 20 dias”, acrescentou Antônio, ressaltando que com o passar do tempo, tem menos lagosta no mar e são precisos mais dias para uma boa safra.
CADEIA PRODUTIVA
Existe
Do Cais Pesqueiro, saíram à procura de lagosta, cerca de 70 embarcações que fazem parte da Associação dos Pequenos e Médios Armadores de Pesca de Fortaleza. A produção é toda de lagosta inteira viva, que vale 50% a mais do que a venda só da calda do crustáceo. “Já faz muito tempo que não se paga bem só pela calda. Quem faz esse tipo de pesca, geralmente, é quem usa caçoeira ou marambaia [ redes de arrasto]”, informou o presidente da Associação, José Nilton Barreto, explicando que estes instrumentos prejudicam a reprodução da lagosta.
“Teve uma época, lá pelos anos 70, que houve uma grande queda de produção porque não tinha lagosta em lugar nenhum. Muita empresa saiu do ramo, e ficaram só os barcos artesanais”, lembrou Nilton. A venda da lagosta viva é rentável, mesmo, conforme Nilton, havendo apenas um frigorífico que compre o produto em Fortaleza. O preço da safra, porém, só é definido na volta dos barcos, o que limita o poder de negociação. Do preço bruto final do produto, cerca de 25% a 30% são destinados ao pagamento da tripulação.
A fiscalização ainda é um obstáculo, reconhecido, inclusive, por quem a executa, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais (Ibama) e a Secretaria de Pesca e Aquicultura do Estado. Há ações e planejamento, falta contingente para cobrir os 570 quilômetros de costa cearense. De acordo com o assessor da Secretaria, Ricardo Campos, somente no litoral leste do Ceará (Icapuí- Fortaleza) existem 1.605 embarcações licenciadas para pesca da lagosta. “Estamos em contratação de profissionais para cobrir as fronteiras terrestres”, afirmou.

DETALHES DA ATIVIDADE
• As embarcações navegam 25 milhas náuticas mar adentro (cada milha equivale a 1.852 metros)
• Os comandantes utilizam a experiência e o GPS para localizar os pontos de maior produção 
• O único equipamento permitido para pescar é o manzuá, que são gaiolas onde as lagostas entram e não conseguem sair
• O defeso da lagosta acontece de 1º de novembro a 31 de maio
• Na pesca de lagosta viva, são utilizados refrigeradores de cimento, fibra ou polietileno, com gelo
• Garateias são ganchos de ferro que fixam o manzuá no fundo do mar
• Cerca de 25% a 30% da produção bruta são o pagamento da tripulação das embarcações, composta por cerca de cinco pessoas
Fonte: Jornal o Estado

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