quinta-feira, 7 de junho de 2012

A Carne da Lagosta Corresponde a 30% do Peso


Um Breve Comentário.

A Guerra da Lagosta, como denominado jocosamente à época pela imprensa, foi um contencioso entre os governos do Brasil e da França, que se desenvolveu entre 1961 e 1963 Episódio pouco conhecido na História das Relações Internacionais do Brasil, girou em torno da captura ilegal de lagostas, por parte de embarcações de pesca francesas, em águas territoriais no litoral Nordeste do Bras. Disputa econômica pelo crustáceo quase provoca confronto militar entre Brasil e França.  Um inocente crustáceo foi a causa de uma das maiores crises diplomáticas da história entre Brasil e França, que quase chegou às vias militares mas também teve contornos cômicos.

O imbróglio, que ficou conhecido como Guerra da Lagosta, teve início no começo da década de 1960, quando barcos franceses passaram a pescar no litoral de Pernambuco. Depois de esgotar a captura da lagosta em seu próprio litoral e nos países da costa ocidental africana, a França se interessou pelo Nordeste brasileiro, onde a produção crescia a olhos vistos. A exportação anual de lagosta pulou de 40 toneladas, em 1955, para 1.741 toneladas em 1961. O Brasil lucrava quase 3 milhões de dólares por ano com esse comércio, que se concentrava nos portos de Fortaleza e Recife.
Os primeiros barcos franceses chegaram em março de 1961, depois de obterem autorização para realizar “pesquisas” em nosso litoral. Ao constatar que as embarcações estavam pescando lagostas em grande escala, a Marinha cancelou a licença. Em novembro a França voltou à carga, desta vez pedindo para atuar fora das águas territoriais brasileiras, na região da plataforma continental – faixa submersa até 200 metros de profundidade que pertence ao país, mas cujas águas são livres para exploração internacional. Autorização concedida, começaram os problemas.
Em janeiro de 1962, um pesqueiro francês chamado Cassiopée foi flagrado capturando lagostas e apresado pela corveta brasileira Ipiranga. O incidente abriu uma curiosa discussão diplomática a respeito da natureza do animal em questão. A Convenção de Genebra, assinada em 1958, assegurava que os recursos minerais, biológicos, animais ou vegetais da plataforma continental pertencem ao país costeiro. Com base nesse tratado, o Brasil alegava que a lagosta era um recurso pertencente à plataforma, devido à sua natureza sedentária: para se deslocar caminhava, ou no máximo executava saltos. Em resumo, não nadava. Em resposta, o governo francês saiu-se com o argumento oposto: a lagosta pode ser considerada um peixe. Ao se mover pelas águas de um lado para o outro, ela certamente não estava andando, e portanto não era um recurso da plataforma. O objetivo era deslocar o assunto para o campo da pesca em alto-mar, permitida pela Convenção.


Para derrubar a lógica francesa, o comandante Paulo de Castro Moreira da Silva (1919-1983), renomado oceanógrafo, defendeu o Brasil com uma pérola de ironia: “Ora, estamos diante de uma argumentação interessante: por analogia, se a lagosta é um peixe porque se desloca dando saltos, então o canguru é uma ave”.
Um prato cheio para a pilhéria, a Guerra da Lagosta virou até marchinha de Carnaval. Os versos consagrados de “Você pensa que cachaça é água?”, sucesso em 1953, foramadaptados nos salões para “Você pensa que lagosta é peixe?”. Mas a repercussão do caso era levada a sério pelos jornais. Afinal, nenhum dos países dava o braço a torcer: os franceses continuavam pescando lagostas, e a Marinha brasileira apresava os barcos que conseguia pegar em flagrante. A carga era apreendida e os capitães tinham que assinar um termo se comprometendo a não mais voltar à costa brasileira. Mas muitos voltavam.
Os pescadores nordestinos iniciaram protestos gerando forte pressão sobre o governo. Ameaçavam agir diretamente contra os pesqueiros franceses e seus representantes em terra para a defesa de seus interesses. Queixavam-se de concorrência desleal: além de maiores e mais bem equipadas do que as nossas, as embarcações francesas eram acusadas de praticar a pesca de arrasto, modalidade proibida no Brasil por seu caráter predatório – uma rede pesada é lançada ao fundo e recolhe tudo o que encontra pela frente. Os brasileiros capturavam lagostas com o tradicional covo, uma espécie de armadilha em que o animal entra e fica preso.

A situação ficou ainda mais tensa no início de 1963. No dia 30 de janeiro, um navio de patrulha detectou a presença de pesqueiros franceses na região, e como estes ignoraram a ordem para se retirar, recebeu ordens da Marinha para “usar a força na medida do necessário”. Diante da ameaça de um ataque, os franceses mudaram de idéia. O problema é que, dias depois, os barcos e suas cargas não apenas foram liberados como o presidente João Goulart, quebrando o protocolo das negociações, concedeu pessoalmente ao embaixador da França no Brasil, Jacques Baeyens, autorização para que seis pesqueiros voltassem a capturar lagostas na região.
O clamor público foi tamanho que a autorização foi suspensa. Era a vez dos franceses protestarem. O chanceler francês afirmou não aceitar a decisão brasileira. A ira se alastrou pelo governo da França, o que resultou na popularização da frase “O Brasil não é um país sério”, erroneamente atribuída ao presidente Charles De Gaulle. Mas ele se envolveu diretamente na crise: por ordem sua, a França enviou um navio de guerra para a região com a tarefa de proteger os pesqueiros franceses. João Goulart imediatamente determinou uma resposta militar. O Conselho de Segurança Nacional foi convocado para discutir sobre a salvaguarda de nossa soberania sob ameaça militar estrangeira.

Diversos navios foram enviados para o litoral de Pernambuco, enquanto os de Salvador entraram em prontidão rigorosa. Esquadrões de aeronaves foram deslocados para Natal e Recife. A mobilização foi rápida mas intempestiva, revelando as grandes restrições materiais dos nossos navios, principalmente no aspecto logístico, na manutenção precária e na necessidade de muitos reparos. As restrições de munição e torpedos eram tão críticas que não permitiam aos navios manter um engajamento por mais de trinta minutos.
Na opinião pública, a guerra estava declarada. “Navios franceses atacam no Nordeste jangadeiros que pescam lagosta”, estampou o Correio da Manhã. “Frota naval da França ronda costa do Brasil”, anunciou o Última Hora. Enquanto isso, nos jornais franceses, por mais de uma vez as autoridades vieram a público lembrar que seu país detinha tecnologia nuclear, ao contrário do Brasil.
Nos bastidores diplomáticos, havia outras questões em jogo. A França imaginava que a postura firme do governo brasileiro estaria sendo respaldada pelos Estados Unidos, num apoio não declarado. Era uma suposição equivocada. Na época, o Departamento de Estado americano enviou mensagem ao Brasil lembrando que nossos navios de guerra – na época arrendados aos Estados Unidos – por contrato não poderiam se envolver em conflito com países amigos dos norte-americanos. Ordenava por isso que eles voltassem imediatamente às suas bases. O Brasil recusou-se a atender ao pedido americano, mencionando o Tratado Interamericano de Assistência Recíproca (TIAR) e usando um argumento caro aos brios militares daquele país: por ocasião do ataque à base de Pearl Harbor, em 1941, o Brasil declarara guerra ao Japão, em solidariedade aos Estados Unidos.
Por sorte, a Guerra da Lagosta não passou de uma indigesta hostilidade entre as nações. Em 10 de março de 1963, a França retirou seu navio de guerra e os pesqueiros por ele protegidos. O Brasil conseguia, assim, impedir a captura de lagostas em sua plataforma continental, apesar da intimidação militar de um país com poderio bélico muito maior. A crise foi uma demonstração de que, mesmo entre países tradicionalmente amigos, os Estados não estão isentos de serem ameaçados, até pelo uso da força, quando estão em jogo interesses econômicos.  Cláudio da Costa Braga é oficial da Marinha do Brasil e autor de A Guerra da Lagosta (Rio de Janeiro: Serviço de Documentação da Marinha, 2004). http://www.revistadehistoria.com.br/

A LAGOSTA
É o maior animal da família dos crustáceos. Tem uma carapaça grande com o cefalotórax espinhoso, cauda com a casca lisa, cor-azul escuro-acastanhado, corpo com o cumprimento de 30 a 40 cm (podendo chegar a 60 cm) e possui duas presas (patas) que são caracterizadas pelos dentes bem desenvolvidos. Durante o período de vida que pode chegar até 25 anos, troca sua casca mais de 20 vezes. Desde 1850 tem sido feitos experimentos de criações de lagostas em viveiros, porém, sem sucesso. Elas são encontradas em água salgada em regiões rochosas: do Mar Mediterrâneo e Oceano Atlântico. Ela é pescada durante todo o ano, porém, no inverno, devido ao período de desova, sua carne sofre uma queda de qualidade. A fêmea carrega suas ovas de (15.000 a 18.000) por um período de 11 meses e tem a carne mais saborosa que o macho. O peso médio para consumo é entre 500 a 1.000 g.

Devido a grande quantidade de pigmentos vermelho e amarelo chamados de carotenóides que, ligados a moléculas de proteínas, formam a coloração azul-castanho da lagosta viva. Porém, quando ela é colocada em água fervendo, o calor quebra os pigmentos e as proteínas, ocasionando a transformação da cor da casca para o laranja-avermelhado. A quantidade de carne em uma lagosta é correspondente a 30% do seu peso. A lagosta é apreciada na gastronomia pelo delicioso sabor de sua carne.

Gastronomicamente, existem várias espécies de lagosta:
Lagosta Crawfish
tem presas
não tem presas
costa lisa
costa espinhosa
vive em águas mornas (menos fria)
vive em água fria
cresce rápido
cresce devagar
carne um pouco seca
carne terno
cozinha 500 g em 15 min
cozinha 500 g em 20 min
40 cm de corpo sem as patas e mais leve
40 cm de corpo sem as patas e mais pesado
Cada 100 gramas de carne com 90 calorias é subdividida da seguinte maneira:
81 gramas de água;
15 gramas de proteínas;
1,7 gramas de gorduras;
0,3 gramas de carboidratos;
2 gramas de minerais e vitaminas.

Como servir e comer a lagosta:
Servir: o prato pode ser servido vindo preparado da cozinha, ou a lagosta é apresentada inteira ao cliente, em seguida, é cortada e preparada na mesa "Gueridon".Pode também ser preparada e servida em sua própria casca em um prato grande pré-aquecido, a carne e separada da casca e as patas são quebradas. Ela é comida com o garfo e a faca de peixe e o alicate e a pinça de lagosta para pegar a carne das patas.
Comer: servida na casca: as patas são pegas com a mão esquerda. A carne é separada da casca com ajuda da pinça e, em seguida, com o alicate na mão direita, é retirada a carne e colocada no prato. Se desejado, a casca é levada à boca com a mão e o molho é chupado, em seguida, ela é colocada no prato médio que foi colocado na mesa para esta finalidade, depois, os dedos são lavados na taça com água morna e limão e, então, a carne é comida com o acompanhamento com o garfo e faca de peixe. A pinça nunca deve ser levada à boca, ela é usada somente para separar a carne da casca

Bebida
Para acompanhar a lagosta, é servido um vinho branco seco  ou uma champanhe.

Montagem da Mesa:
1. Garfo de peixe do lado esquerdo;
2. faca de peixe do lado direito;
3. alicate de lagosta do lado direito;
4. pinça de lagosta do lado direito, com uma inclinação de 45;
5. prato de pão do lado esquerdo;
6. faca de manteiga sobre o prato de pão;
7. copo de vinho branco ou champanhe, 1 cm acima da faca;
8. prato médio para colocar as cascas;
9. molheira com colher de molho;
10. taça com água e limão colocada do lado esquerdo;
11. pimenteiro e saleiro;
12. cesta de pão;
13. guardanapo sobre o prato de pão

Lagosta à Thermidor


Duas histórias disputam a origem de um dos pratos mais sofisticados da clássica cozinha francesa, feito com carne de lagosta cozida, temperada com mostarda e jerez, servida com molho bechamel, na própria casca do crustáceo. Para começar, conta-se que a criação é do chef Léopold Mourier, do Café de Paris, entre os anos de 1897 e 1923. Lado da história que tem o aval da Larousse, a grande enciclopédia gastronômica. Outra vertente credita a autoria ao Marie’s, restaurante parisiense que ficava perto do Teatro de Comédia Francesa e foi criado para homenagear a estreia, em 1894, da peça Thermidor, de Victorien Sardou. Lagosta está presente em pratos sofisticados e em simples risotos A Lagosta ao Thermidor, com queijo parmesão, é tradicional no Piantella.

A versão ao Thermidor é uma das receitas com lagosta mais encontradas em todos os restaurantes. Há relatos de que o prato foi criado pelo bistrô parisiense Marie, em 1984, em homenagem à estreia da peça Thermidor, de Victorien Sardou. O preparo original era uma combinação de queijo, carne de lagosta, leite, creme de leite, ovos, brandy ou xerez e mostarda.













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